ACTA do XLII CAPÍTULO GERAL - "Entre amigos de Peniche" Criado por jvieira em 26/10/2014 09:01:26
ACTA do XLII CAPÍTULO GERAL - "Entre amigos de
Peniche"
ATA de l XLII Capítulo Giral – “Antre amigos de Peniche”
ACTA do XLII CAPÍTULO GERAL - "Entre amigos de
Peniche"
ATA de l XLII Capítulo Giral – “Antre amigos de Peniche”
Aos sete dias do
mês de Março do ano da graça de dois mil e catorze, às nove horas e trinta
minutos acrescido de uma hora, em Peniche, reuniu-se no auditório da Escola
Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, o Capítulo Geral da Confraria dos Enófilos e Gastrónomos de
Trás-os-Montes e Alto Douro, presidido pelo Magnífico Grão-Mestre. Da ordenança
da assembleia magna da confraria constavam os seguintes pontos:
-
Cerimónias de Entronização e Confirmação;
-
O Projecto PITER, SA e a Confraria;
-
Inauguração das Lojas Trás-os-Montes e Alto
Douro em Angola e Brasil;
-
A CEGTAD-Internacional – Apresentação do
Regulamento de Adesão.
O Mestre dos Ritos
e das Cerimónias abriu o Capítulo Extraordinário de Verão. Seguidamente o
Grão-Chancelar procedeu à leitura da Ata do Capítulo anterior, tendo sido a
mesma aprovada pelos confrades por unanimidade.
Foi novamente
chamada a atenção pelo Mestre de Ritos e Cerimónias para o dever dos Confrades
procederem à assinatura do livro de presenças.
Ainda antes da
apresentação da ordem de trabalhos, o Digníssimo Grão-Mestre procedeu à apresentação
do próximo Capítulo de Outono, a realizar em Baião, no hotel Douro Palace, cuja
sociedade gestora tem a participação do nosso confrade Joaquim Ribeiro. O Hotel
de Charme está debruçado sobre o Douro, em Tormes, localidade tornada famosa
pelo Romance A Cidade e as Serras de
Eça de Queirós. O local veio a propósito não só porque o espaço é digno de ser
vivenciado pelos nossos confrades, mas porque foi decidido pelo Directório de
Notáveis dedicar o Capítulo de Outono à Literatura Duriense, cuja grandiosidade
é, infelizmente, desconhecida da maioria dos portugueses.
Seguidamente, o
Venerável Grão-Mestre informou a assembleia que o decidido no Capítulo de
Primavera em Carrazeda de Ansiães tomou forma, com a tomada de posse em
Mirandela do Conselho Consultivo que terá como missão a promoção e valorização
dos produtos de Trás-os-Montes e Alto Douro que as suas gentes tão
laboriosamente têm sabido manter ao longo das gerações, através da avaliação da
qualidade que permita a comercialização através do projecto PITER.
As confirmações
iniciaram-se com a apresentação da proponente a confrade irmã, Justa Nobre. Ainda
em criança, na sua aldeia de Vale Prados, em Macedo de Cavaleiros, a nossa
confrade escolhia os tachos e panelas para brincar. No entanto, ao contrário da
generalidade da restante petizada, os petiscos da pequena Justa deixavam já o
reino da fantasia, fazendo as delícias dos adultos. Ainda adolescente veio
trabalhar na cozinha para Lisboa, onde, pelas saudades da sua terra natal, ia
introduzindo os aromas e sabores transmontanos na urbanidade da cozinha
alfacinha. Conjuntamente com o seu marido, foi desenvolvendo a sua actividade
na restauração, introduzindo sempre que possível os produtos genuínos da sua
terra, mesmo quando o prato principal era à base de peixe. Durante todos estes
anos, o segredo do seu sucesso esteve sempre na qualidade dos produtos
transmontanos e da simplicidade de quem tão sabiamente os sabe confeccionar, o
transmontano (geralmente a transmontana). Por essa razão, era sempre junto da
mãe que recorria sempre que tinha dúvidas ou precisava de conselhos para a
confecção das melhores iguarias.
Seguidamente foi
o confrade Diamantino Neto a fazer a sua confirmação. Começou por referir a sua
sorte em ter nascido numa Terra que tem os melhores enchidos, a melhor carne,
as melhores couves e a melhor batata e ter sido acolhido numa outra que tem o
melhor peixe e o melhor marisco do mundo. Referiu a fama de dois pratos
transmontanos como a Feijoada à Transmontana e a Posta a Mirandesa que, em mais
de 80% dos casos, de transmontano só têm o nome. Muitas vezes também não é
fácil ter uma acessibilidade constante aos produtos transmontanos pelos
deficientes circuitos de comercialização. Sugeriu mesmo que a confraria deveria
criar grupos de discussão para debater a acessibilidade à restauração dos
produtos genuinamente transmontanos.
Posteriormente o
nosso confrade Virgílio Gomes, anfitrião do Capítulo, apresentou os três
confrades admitidos ao Capítulo pelo Conselho de Anciãos. A apresentação
iniciou-se pela Alexandrina Fernandes, natural de Gimonde, Bragança que
desenvolve a sua actividade numa empresa familiar ligada à restauração há quase
um século. A conjugação da sua vocação empreendedora, da sua formação em gestão
de empresas e turismo e dos recursos endógenos, permitiram que a família
diversificasse a actividade, criando uma empresa dedicada ao Turismo Rural e
uma outra à Salsicharia Tradicional, onde os animais de uma raça ameaçada de
extinção, o Porco Bísaro, são criados ao ar livre e constituem a principal
matéria-prima dos produtos de maior qualidade produzidos pela empresa.
Seguiu-se o
candidato à entronização António Baptista Lopes, da Editora Âncora. Virgílio
Gomes apresentou referiu que o candidato, embora não sendo transmontano de
nascimento, é-o de Alma. Tanto assim que não existe em Portugal um outro editor
com alcance nacional que tenha publicado tantos livros de autores
transmontanos. Tem sido meritório o trabalho de Baptista Lopes na divulgação da
cultura transmontana através da edição e distribuição de obras de autores
transmontanos, com grande ênfase aos contemporâneos.
Coube ao notável
Grão-Mestre apresentar a entronização a Confrade Legatário de Manuel Maria
Teixeira Lopes que tem a árdua tarefa de cuidar do legado deixado pelo seu pai,
Roger Teixeira Lopes, Grão-Chanceler, Confrade Fundador e Confrade de Honra e
Devoção. Nesta cerimónia houve um processo inédito na história da nossa
confraria que foi pela primeira vez a transmissão da capa.
Nessa sequência,
foi emotivamente relembrada a memória do nosso Confrade Fundador. Foram
apresentadas imagem desde o dia em que tomou posse, 25 de Outubro de 1995, data
da fundação da nossa Confraria, até ao dia que partiu. Foi efectuada referência
a um texto publicado por uma das mais conceituadas revistas de geografia do mundo
que é uma grande homenagem escrita pelo nosso Confrade Antoine Bailly e cujo
texto será publicado no site da confraria. Foi também referenciada a homenagem
que o Grémio Literário Vila-Realense lhe prestou na sua qualidade de editor.
Findas as
apresentações, o Grão-Conselheiro, após a anuência do Capítulo Geral, conduziu
a cerimónia de juramento dos novos confrades na qual se comprometeram a
respeitar os estatutos, regulamentos da confraria e as determinações do distinto
Grão-Mestre, promover os vinhos, a gastronomia e a cultura transmontanas e a
renegar a todo o tipo de comidas e bebidas que não envolvam arte, qualidade,
prazer e tranquilidade na sua degustação.
Antes de
encerrado o Capítulo, o Confrade Jorge Morais procedeu à apresentação do
projecto PITER, que teve a sua origem na Rota do Azeite e que tinha sido já
objecto de apresentação no Capítulo de Primavera. Seguidamente, o
Grão-Conselheiro referiu que este projecto representa um desafio a todos os
confrades na medida em que será a Confraria a qualificar que produtos têm a
qualidade mínima exigível para serem comercializados através dessa entidade. O
Magistral Grão-Mestre concluiu este ponto da agenda com a apresentação de um
produto de excelência produzido pelo nosso Confrade Joaquim Morais, a Amêndoa
Coberta de Moncorvo que tem todas as condições de poder vir a beneficiar da
certificação comunitária de Indicação
Geográfica Protegida. Outro produto de excelência apresentado foi o Azeite Dalla Bella produzido pelo nosso Confrade
Amândio Teixeira de Sousa
A crescente dinâmica
de internacionalização dos produtos transmontanos e o papel activo que a
confraria tem desempenhado na promoção além-fronteiras dos produtos que
demonstrem qualidade levou a Confraria a criar embaixadores em diversos países,
constituindo desta forma a Confraria Internacional (iCEGTAD), segundo as
palavras dirigidas à Assembleia pela Eloquente Vice Grã-Mestre.
Finalmente o
estimável Grão-Mestre comunicou à assembleia que ocorreu em Bragança uma
primeira cimeira de Confrarias Transmontanas que junta as direcções das
diversas confrarias de Trás-os-Montes e Alto Douro que têm em comum a missão de
promover os produtos e a cultura transmontanos. Esta reunião, que ocorrerá duas
vezes por ano, terá como objectivo a concertação de estratégias com vista ao
desenvolvimento dessa missão comum.
Foi dada a
palavra à assembleia para se pronunciar sobre os assuntos em deliberação ou
outros que entendessem profícuos para debate, não tendo sido solicitada a
palavra por nenhum confrade. Nessa sequência, o Mestre de Ritos e Cerimónias
deu por encerrado o Capítulo Extraordinário de Verão, conduzindo-nos até ao
local do repasto, a bordo da Nau dos Corvos, o restaurante mais ocidental da
Europa e administrado por Diogo Neto, filho nosso confrade, confirmado irmão,
Diamantino Neves.
Já no final da
nossa viagem, no convés da Nau dos Corvos e quando as tormentas aumentavam de
intensidade, foi-nos faltando o antídoto do enjoo. Numa atitude consentânea com
espírito que acompanha a Confraria, o confrade noviço Pedro Mora teve uma
atitude verdadeiramente filantropa, ao fazer das tripas coração para adquirir a
poção mágica que se constatou ter sido fundamental para chegarmos a bom porto
sem qualquer náusea. Nesse momento, foi considerado por unanimidade pelo
directório de notáveis que a nobreza do gesto era prova suficiente da dedicação
à Confraria do confrade noviço, pelo que foi decidido confirmar Pedro Mora como
confrade irmão, a rectificar pelo Capítulo Geral de Outono.
Peniche, a Bordo
da Nau dos Corvos, 7 de Junho de 2014
O Grão-Chanceler,
José Vieira