ACTA (PROVISÓRIA) do XLIX CAPÍTULO GERAL Criado por jvieira em 21/10/2017 10:20:07 ACTA (PROVISÓRIA) do XLIX CAPÍTULO GERAL - "As monjas beneditinas abençoaram a Capital do Universo."
ATA (PROBISÓRIA) de l XLIX Capítulo Giral – “Las monjas beneditinas abençoórun la Capital de l Ouniberso”
ACTA do XLIX CAPÍTULO GERAL - "As monjas beneditinas abençoaram a Capital do Universo."
ATA de l XLIX Capítulo Giral – “Las monjas beneditinas abençoórun la Capital de l Ouniberso”
Ao primeiro dia do mês de Abril do ano da graça de dois mil e dezassete, às dez horas e trinta, acrescidas de uma hora, na Capital do Universo, Murça (assim terão anunciado ao Confrade Fundador Paulo Calvão, as Montisas, Ninfas Transmontanas) reuniu-se no Auditório Municipal, o Capítulo Geral da Confraria dos Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro, abreviadamente denominada CEGTAD, presidido pelo Grão-Conselheiro. Da ordenança da assembleia magna da confraria constavam os seguintes pontos:
1. Leitura e votação da Acta do Capítulo Geral de Outono de 2016;
2. Rituais de Entronização e confirmação;
3. Homenagem a duas ilustres murcenses;
4. Outros assuntos.
O Mestre dos Ritos e das Cerimónias anunciou a abertura, em nome do Mui Respeitável Grão-Mestre, do Capítulo de Primavera. Antes da apresentação da ordem do dia anunciou a aprovação pelo Diretório de Notáveis e segundo proposta do Grão restaurador, a homenagem a duas ilustres Murcenses que tiveram um papel relevante na defesa da Gastronomia do Município e que seriam apresentadas no fim da reunião. Após a apresentação da ordem do dia, o Mestre dos Ritos e Cerimónias rogou ao Mui Respeitável Grão-Mestre a conceção da participação do Sr. Presidente do Município no Capítulo, tendo-lhe sido concedida tal honra.
Seguiu-se, então, a sessão de Boas Vindas do Sr. Presidente do Município de Murça, José Maria Costa. Começou por referir ser uma honra para o município receber a Confraria dos Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro. Enalteceu a história do Concelho nos quase 800 anos de atribuição de foral e referiu que, apesar de ser um concelho pequeno em número de habitantes e área territorial, apresenta condições orográficas e edafoclimáticas muito heterogéneas, reunindo praticamente todas as zonas climáticas de Trás-os-Montes e Alto Douro: Terra Quente, Terra Fria, Vales Submontanos e o Douro Vinhateiro que apresenta uma identidade agroecológica particular. Não havendo dúvidas entre todos os confrades de que a Capital do Universo se situa em Trás-os-Montes e Alto Douro, este facto seria mais um argumento a sustentar a tese do Confrade Fundador Paulo Calvão de que Murça será mesmo essa Capital.
Assim, graças à variedade agroecológica de Murça, é possível encontrar no concelho as melhores matérias primas, fundamentais para a excelência da gastronomia transmontana: O Vinho o Azeite e a Castanha, para além da pastorícia, atingem mesmo a excelência em muitos produtores do Município. Certamente que sendo os produtos de tão elevada excelência, a gastronomia do concelho tem obrigação de apresentar uma sumptuosa gastronomia.
O Mestre de Ritos e Cerimónias passou ao ponto 1 da ordem de trabalhos, tendo o Grão-Chancelar procedido à leitura da Acta do Capítulo realizado em outra Capital, Sabrosa, a do Reino Maravilhoso. Após sujeita a votação, a mesma foi aprovada pelos confrades por unanimidade.
Passando ao ponto dois da ordem de trabalhos, o mestre de ritos e cerimónias anunciou a aprovação pelo Conselho de Anciãos de dois Confrades Noviços., João Teixeira Lopes e Maria José Santos Foi ainda deliberado pelo Directório de Notáveis propor a Capítulo a passagem a Confrade Irmão de Miguel Monteiro por entender que foi comprovada a sua dedicação à CONFRARIA, o seu interesse pelo que ao vinho e à gastronomia regionais diga respeito.
João Teixeira Lopes foi apresentado por um dos dois Confrades Irmão proponentes, João Sá. A proposta foi alicerçada na sua capacidade de elevar os produtos transmontanos a outro patamar, muito pela sapiência transmitida pelo Grande Mestre Roger Teixeira Lopes, igualmente fonte inspiradora desta singela acta em forma de crónica. É produtor de vinho duriense, da Marca Thyro e sócio da Banca de Pau, mercearia alfacinha especializada em produtos de origem transmontana e duriense onde se podem degustar um vasto conjunto de iguarias produzidas e confecionadas com o saber fazer das Gentes do Reino Maravilhoso.
Coube à Confrade Irmã Balbina Mendes a apresentação de Maria José Santos. Pintou em verbo a infância da candidata, na aldeia de Ligares, Freixo de Espada-à-Cinta, com especial ênfase nas atividades agrícolas, apresentadas em tons de poesia. Já adulta, enfatizou as obras de arte gastronómicas produzidas pela Maria José, realçando a beleza artística dos enchidos por ela produzidos a secar sobre o lume.
Miguel Monteiro comprovou a habilitação para ser confrade de pleno direito através da sua comunicação sobre viagens, tradições, sabores e outras coisas. A alimentação tem uma relação profunda com a forma como nos relacionamos em sociedade. Diz-me o que comes e com quem comes e dir-te-ei quem és. Entre exemplos de iguarias transmontanas, a Posta Mirandesa, a Costeleta de Cordeiro, as Alheiras e Chouriça assadas, o butelo ou bulho, entre outras. Sendo o Douro a Região mais antiga do mundo, referiu ainda a riqueza dos Vinhos durienses e transmontanos que formam uma simbiose perfeita com a excelência da gastronomia e que são o objeto da existência desta nossa confraria.
O Capítulo aprovou por unanimidade a passagem a Confrade Irmãos do candidato e ratificou a entronização de ambos os confrades noviços. Encerrando o segundo ponto da agenda o Grão-Conselheiro procedeu ao acto solene de juramento dos confrades entronizados e do confrade confirmado, exaltando-os mais uma vez para a defesa intransigente da gastronomia e vinhos que as gentes de Trás-os-Montes e Alto Douro tão laboriosamente os produzem.
Por iniciativa do Grão-Restaurador e após o estímulo do Mui Respeitável Grão-Mestre, o Confrade Bessa Guerra deu início à homenagem de duas transmontanas que, laboriosamente, souberam transformar os produtos transmontanos em célebres iguarias: A Maria Gentil da Cruz, da Pensão Maganicha e Maria José Pereira da Casa das Queijadas. Começou por referir a importância da Confraria ao dar rosto a quem, de forma tão hábil, tem proporcionado o deleite a quem se senta à mesa transmontana.
Na segunda metade do século XX a Pensão Maganicha fazia as delícias dos viajantes que em Murça tinha paragem obrigatória. A excelência gastronómica deste estabelecimento foi testemunhada pelos Confrades Fundadores que nos primeiros anos de formação da CEGTAD tiveram o privilégio de degustar, entre outras iguarias, o caldo de cebola com chouriço, o cabrito assado, com origem nos pastos da Terra Fria de Murça ou as favas em vagem com salpicão frito em azeite, finalizado por um leite creme divinal. A excelência das alheiras da Maganicha fez jus à hoje iguaria rainha das 7 maravilhas da gastronomia portuguesa.
A importância das Freiras Beneditinas na riqueza dos doces conventuais que Murça ainda hoje oferece foi o mote para a crónica final narrada pelo nosso Grão Restaurador e que justifica a justa homenagem a Maria José Pereira. Efetivamente, a Casa das Queijadas e Toucinho do Céu é herdeira de receitas, entre as quais os cavacórios, o toucinho do céu e as queijadas, trazidas por Serafina Alves no séc. XIX uma empregada no convento onde hoje funciona grande parte dos serviços camarários após o encerramento desta ordem religiosa.
Antes de encerrar o capítulo e na sequência da homenagem, o Mui Respeitável Grão-Mestre, com a sua inigualável sapiência, palestrou sobre o legado deixado por algumas pessoas que tiveram contacto com ordens religiosas antes da sua extinção e que permitiu que muitas iguarias oriundas de receitas conventuais pudessem hoje ser apreciadas. O Convento de S. Bento de Murça tinha a particularidade das suas monjas terem escritos e treinarem meninas para cuidarem das cozinhas de gente rica, o que permitiu que muitas das receitas conventuais não fossem perdidas com o encerramento das ordens religiosas, entre os quais o Toucinho do Céu e as Queijadas e que tem comprovadamente a sua origem em Murça. A Casa das Queijadas e do Toucinho do Céu honra este legado.
A finalizar a sua intervenção, o Mui Respeitável Grão-Mestre, enaltecendo a importância da centenária Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa na divulgação da gastronomia transmontana e da cultura a ela associada, transmitiu, em nome da CEGTAD, os votos de excelente mandato ao Confrade Herondino Isaías, recém-eleito Presidente de tão ilustre organização.
Após ter sido dada a palavra à assembleia para se pronunciar sobre qualquer tema que à confraria diga respeito, não houve nenhum confrade a usar da palavra. O Mestre de Ritos e Cerimónias deu o Capítulo por encerrado.
Murça, por tudo isto e muito mais a Capital do Universo, 1 de abril de 2017.
O Grão-Chanceler,
José Vieira
Nota do relator: Qualquer divergência entre o conteúdo da presente acta e a realidade resulta em exclusivo do facto da realização do Capítulo ter ocorrido no dia das mentiras.